Talvez por ter entrado em campo com uma enorme vantagem de 3 a 0, o “Santástico” não foi lá tão fantástico na decisão do Campeonato Paulista de 2012. Ainda assim, um resultado de 4 a 2 sobre o Guarani não deixou dúvidas de quem é o melhor time do estado, e quem sabe, do Brasil.
Após passar por cima do Guarani tranquilamente, e aplicar uma goleada histórica por 8 a 0, fora o baile, sobre o Bolívar, pela Copa Libertadores, as expectativas sobre o que o Santos poderia fazer com o pobre Bugre no jogo de volta da final do Campeonato Paulista era imensa. O jogo começou em ritmo alucinante. Aos 15 minutos, o placar já apontava 2 a 2, e o torcedor não conseguia nem ao menos respirar. Depois de sofrer um gol a 1 minuto de partida, o Guarani tentou desesperada e desordenadamente ir para cima do alvinegro praiano. As melhores jogadas do time de Campinas saíam dos pés de Fabinho, que preocupava bastante a lenta defesa santista.
Por falar em defesa santista, esta é, há muito tempo, um grande problema para o time de Muricy Ramalho. Edu Dracena e Durval, apesar de terem alguma qualidade técnica, não possuem mobilidade suficiente para acompanharem atacantes mais rápidos, problema que é agravado pelo comportamento excessivamente ofensivo do lateral-esquerdo Juan, e no caso do jogo contra o Guarani, agravado também pela ausência do “cão de guarda” Adriano. Com a ausência de seu primeiro volante, Muricy foi obrigado a prender Arouca mais próximo à defesa, para que exercesse o papel de contenção. Apesar de ter um primeiro passe melhor do que o de Adriano, Arouca fez falta no apoio, já que Ibson se omitiu do jogo em grande parte do tempo.
Voltando ao jogo, o gol de empate do Guarani saiu de uma falha do bom, mas ainda irregular, goleiro Rafael. Talvez por não ser tão exigido durante os jogos, algumas de suas deficiências fiquem escondidas. Em minha opinião, o goleiro ainda não está pronto para fardar a camisa da Seleção Brasileira.
Após pênalti discutível, mas que em minha opinião, foi corretamente marcado, o prodígio Neymar ampliou o placar para o Santos. No entanto, em nova falha da equipe alvinegra, o Guarani não demorou a empatar. Elano, outro que não convence desde a eliminação da Seleção Brasileira da Copa América, em 2011, perdeu bola de maneira infantil, e ela acabou nos pés de Bruno Mendes, após furada ridícula de Durval.
O primeiro tempo acabou em 2 a 2, e o título estava mais do que decidido para o time da baixada santista, mas apesar dos muitos gols, o futebol apresentado no gramado do Morumbi não agradou. Como dito anteriormente, Elano e Ibson fizeram partida abaixo de crítica, Arouca jogou muito preso, e Ganso, de quem muito se esperava pelas recentes grandes atuações, estava apagado; não chamou o jogo para si, e não controlou a posse, algo que faltou muito ao Santos, que errou muitos passes e tentou demasiadas bolas esticadas para Neymar.
Por falar em Neymar, apesar de não ter feito extraordinária partida, seus lampejos foram o que houve de melhor no jogo. Efetuou bons dribles, puxou contra-ataques, teve participação na maior parte dos gols santistas, e marcou o gol mais bonito da tarde: após realizar linda jogada na intermediária, o camisa 11 passou para Juan, aberto na ponta-esquerda. Com um drible da vaca, o lateral se livrou de marcação e tocou de volta para Neymar, que finalizou com precisão no ângulo do goleiro. O que Neymar joga é infinitamente superior à média brasileira, e me perdoem os defensores da permanência dele no Santos, mas o garoto precisa de uma experiência européia. Jogar ao lado e contra jogadores de seu nível, e ter maiores desafios, é imperativo para ele se firmar como um dos grandes, e disputar com Messi e Cristiano Ronaldo o posto de melhor do Mundo.
Em suma, o Campeonato Paulista terminou tendo o melhor time como campeão. Apesar de não ter sido o time mais regular, nem ter sido tão brilhante como vem sendo na Copa Libertadores, o Santos tem um time espetacular, e mereceu a conquista. A seqüência da temporada promete bastante, mas é necessário que jogadores como Ganso e Elano alcancem uma regularidade que não vêm tendo. O Santos é o favorito à conquista do bicampeonato Sul-americano, e, dependendo da motivação, será também grande candidato ao título brasileiro.
Para o Guarani, fica o orgulho de ter voltado a disputar uma final estadual, e de ter jogado melhor que o fabuloso Santos no segundo jogo da decisão. As atuações do atacante Fabinho e do zagueiro Domingos, que apesar da fama de violento e desleal, foi um dos destaques da equipe no campeonato, quase sempre bem posicionado e realizando desarmes certeiros, também são louváveis. O elenco bugrino é razoável, e entra na disputa da Segunda Divisão como um dos principais candidatos ao acesso à Série A.


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