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| Revista do Cruzeiro |

Por Gustavo Aleixo
Goleiro cruzeirense no Mundial de 1976,
Raul Plassmann relembra histórias do duelo contra o Bayern de Munique
Naqueles tempos memoráveis, uma equipe azul celeste colocava Minas Gerais no topo do futebol mundial. O ano era 1976, e com o talento de Dirceu Lopes, Joãozinho, Palhinha e cia. o Cruzeiro batia o River Plate e sacramentava a inédita conquista continental em um país que vivia sob uma brutal ditadura. “O terceiro jogo da decisão contra o River na Libertadores, em Santiago, foi à noite. Na época, o Chile vivia um momento político difícil e havia um toque de recolher às 23h, então, nós deixamos o gramado do Estádio Nacional direto para o hotel e de lá não podíamos sair”, revela o goleiro do time, Raul Plassmann.
Era o começo da caminhada celeste rumo à sua primeira participação no Mundial de Clubes, que inicialmente nem chegaria a se realizar, como conta Raul: "Nas decisões passadas aconteceram várias brigas entre argentinos e europeus. Por isso, os times da Europa não queriam mais jogar o mundial". Mas logo após a vitória na Libertadores, o Cruzeiro seguiu para a Europa em excursão. Durante a viagem, o técnico Zezé Moreira fez algo que colocaria o time estrelado frente a frente com a equipe que era a base da Seleção Alemã, campeã da Copa de 1974. "O Zezé foi até a Munique e em uma reunião com os dirigentes do Bayern combinou e marcou tudo”, recorda o goleiro.
Com o jogo agendado para o dia 23 de novembro de 1976, restava aos jogadores cruzeirenses a expectativa de duelar com craques, como Gerd Müller, Rummenigge e Beckenbauer. Juntamente com a perspectiva de enfrentar um grande adversário, surgia também a previsão de mais um implacável obstáculo para o time cinco estrelas.
A neve era um fato novo para toda a delegação azul que se deslocou até a Alemanha, mas algo viria a surpreender ainda mais o ex-arqueiro cruzeirense e arrancar boas risadas.
“Fizemos um reconhecimento do Estádio Olímpico. Estava treinando e quando encostei na trave para descansar, ela saiu do lugar. O campo era marcado conforme a grama do gol estivesse gasta, então a trave era móvel”, relembra.
Foi justamente após esse treino que aconteceu o fato marcante daquele Mundial para Raul, um ato de gentileza do goleiro alemão Sepp Maier. “Eu estava parado na porta do hotel e entrou um rapaz que não tinha tipo de alemão. Esse camarada perguntou se tinha algum descendente de alemão na equipe do Cruzeiro. Aí falaram: tem um tal de Raul Plassmann aqui. Me chamaram e me disseram que o Sepp Maier tinha mandado um par de luvas para mim, dizendo que eu provavelmente nunca havia jogado com neve. Ele ainda mandou informações de como utilizá-la”. Raul confessa que ficou desconfiado com tamanho ato de solidariedade. “Perguntei para o garoto: a luva é para mim? O rapaz respondeu: é para o goleiro do Cruzeiro. Ele nem sabia quem eu era [risos]”, lembra.



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