terça-feira, 2 de junho de 2015

Azar para uns, sorte para outros



Por Saulo Assunção


Em meio a denúncias, prisões e renúncias no cenário internacional do futebol (depois escreverei mais sobre isso), dirigentes do Cruzeiro, na tarde desta terça-feira, se reuniram com o, até então, técnico celeste, Marcelo Oliveira, para definirem o futuro do treinador no clube. É de fato e conhecimento de todos que a equipe azul não vem apresentando o mesmo futebol que encantou e conquistou o Brasil nas duas últimas temporadas. Mudanças na base do time, venda das principais peças – e de alguns coadjuvantes que pareciam nem tão essenciais, mas que hoje deixam o torcedor cruzeirense com saudade – e uma fraca reposição de elenco fizeram com que o atual bicampeão brasileiro caísse vertiginosamente de produção.

O plantel forte dos dois últimos anos se tornou frágil e vulnerável, com jogadores que antes exerciam a função de compor elenco se tornando titulares absolutos. As contratações prometidas pela diretoria para repor os atletas vendidos não chegaram ou não foram à altura dos que foram negociados. O que chegou, de fato, foi a conta de Marcelo Oliveira - sem ao menos ele ter solicitado. Após o fiasco no Campeonato Mineiro, a vexatória desclassificação em casa na Libertadores da América e o pior início do Cruzeiro em campeonatos brasileiros na era de pontos corridos, Marcelo não resistiu.

Marcelo Oliveira deixa o clube com o excelente aproveitamento de 68,4% (Gualter Naves/Light Press)

Não resistiu ao carma do futebol brasileiro de creditar ao técnico grande parte do sucesso ou insucesso de um time. Levanto a seguinte questão: cabe somente ao técnico a responsabilidade pelos resultados obtidos? Claro que não! Irei focar meu raciocínio naquele que é o aspecto primordial dentro do futebol, no caso, os jogadores.

Muito do que acontece em campo é fruto da capacidade, dedicação e empenho dos atletas. Cabe também nesta lista - acredite ou não - a tal da sorte. Então, por que tantos técnicos caem sem ao menos completar um ano no cargo de uma equipe brasileira? Simples. É muito mais fácil demitir uma única pessoa do que reformular um elenco na metade do ano. Marcelo Oliveira foi vítima do sistema administrativo de futebol patético que é praticado no Brasil, onde é aparentemente inviável manter um plantel qualificado por mais de dois anos, seja pelo assédio das propostas do exterior ou pelo simples fato que, para se fazer um time campeão, é preciso endividar o clube até o pescoço.
Luxemburgo será o substituto de Marcelo no Cruzeiro
(Site Oficial de Vanderlei Luxemburgo)


O Cruzeiro demitiu um dos mais qualificados e capacitados técnicos do país. Me impressiona, ainda mais, ver torcedores do time celeste agraciados com a saída do treinador. Sim, aquele mesmo que deu dois títulos nacionais para a equipe mineira nos dois últimos anos. Nem mesmo os impressionantes 68,4% de aproveitamento fizeram Gilvan de Pinho Tavares, presidente do clube mineiro, mudar de ideia. Agora, quem reassume o comando cruzeirense é Vanderlei Luxemburgo, que após começar a temporada - sabe-se lá por que - em alta no Flamengo, foi demitido semana passada, ampliando a sua sequência de trabalhos ruins em grandes equipes brasileiras, fato que tem se repetido há um bom tempo.

Marcelo Oliveira se foi, mas Marquinhos, Manoel, Mena, Willian e outros mais ficaram. Azar do Cruzeiro, sorte de quem contratar Marcelo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário