Por Saulo Assunção
Em
meio a denúncias, prisões e renúncias no cenário internacional do futebol
(depois escreverei mais sobre isso), dirigentes do Cruzeiro, na tarde desta terça-feira, se
reuniram com o, até então, técnico celeste, Marcelo Oliveira, para definirem o
futuro do treinador no clube. É de fato e conhecimento de todos que a equipe
azul não vem apresentando o mesmo futebol que encantou e conquistou o Brasil
nas duas últimas temporadas. Mudanças na base do time, venda das principais
peças – e de alguns coadjuvantes que pareciam nem tão essenciais, mas que hoje
deixam o torcedor cruzeirense com saudade – e uma fraca reposição de elenco
fizeram com que o atual bicampeão brasileiro caísse vertiginosamente de
produção.
O
plantel forte dos dois últimos anos se tornou frágil e vulnerável, com
jogadores que antes exerciam a função de compor elenco se tornando titulares
absolutos. As contratações prometidas pela diretoria para repor os atletas
vendidos não chegaram ou não foram à altura dos que foram negociados. O que
chegou, de fato, foi a conta de Marcelo Oliveira - sem ao menos ele ter
solicitado. Após o fiasco no Campeonato Mineiro, a vexatória desclassificação
em casa na Libertadores da América e o pior início do Cruzeiro em campeonatos
brasileiros na era de pontos corridos, Marcelo não resistiu.
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| Marcelo Oliveira deixa o clube com o excelente aproveitamento de 68,4% (Gualter Naves/Light Press) |
Não resistiu ao carma do futebol brasileiro de creditar ao técnico grande parte do sucesso ou insucesso de um time. Levanto a seguinte questão: cabe somente ao técnico a responsabilidade pelos resultados obtidos? Claro que não! Irei focar meu raciocínio naquele que é o aspecto primordial dentro do futebol, no caso, os jogadores.
Muito
do que acontece em campo é fruto da capacidade, dedicação e empenho dos
atletas. Cabe também nesta lista - acredite ou não - a tal da sorte. Então, por
que tantos técnicos caem sem ao menos completar um ano no cargo de uma equipe
brasileira? Simples. É muito mais fácil demitir uma única pessoa do que
reformular um elenco na metade do ano. Marcelo Oliveira foi vítima do sistema
administrativo de futebol patético que é praticado no Brasil, onde é
aparentemente inviável manter um plantel qualificado por mais de dois anos,
seja pelo assédio das propostas do exterior ou pelo simples fato que, para se
fazer um time campeão, é preciso endividar o clube até o pescoço.
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| Luxemburgo será o substituto de Marcelo no Cruzeiro (Site Oficial de Vanderlei Luxemburgo) |
O
Cruzeiro demitiu um dos mais qualificados e capacitados técnicos do país. Me
impressiona, ainda mais, ver torcedores do time celeste agraciados com a saída
do treinador. Sim, aquele mesmo que deu dois títulos nacionais para a equipe
mineira nos dois últimos anos. Nem mesmo os impressionantes 68,4% de
aproveitamento fizeram Gilvan de Pinho Tavares, presidente do clube mineiro,
mudar de ideia. Agora, quem reassume o comando cruzeirense é Vanderlei
Luxemburgo, que após começar a temporada - sabe-se lá por que - em alta no
Flamengo, foi demitido semana passada, ampliando a sua sequência de trabalhos
ruins em grandes equipes brasileiras, fato que tem se repetido há um bom tempo.
Marcelo
Oliveira se foi, mas Marquinhos, Manoel, Mena, Willian e outros mais ficaram.
Azar do Cruzeiro, sorte de quem contratar Marcelo.


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