quarta-feira, 20 de junho de 2012

Regulamento com cheiro de suor corinthiano


Por Maurício Paulucci


Corinthians aliou a vantagem que tinha a muita marcação e raça para garantir a vaga história para final


O sonho alvinegro paulista continua. Com um estilo pragmático de jogo, muita marcação e apostando nas bolas paradas, o Timão chega pela primeira vez na historia à final da Taça Libertadores da América e está cada vez mais maduro para erguer o caneco. E uma má notícia para a nação anticorinthiana no Brasil, o Timão tá com cara de campeão.


O quanto pode ser significativa uma vantagem construída no jogo de ida? Para o Corinthians só serviu para complicar a chegada do time à final. O Alvinegro da capital paulista entrou com regulamento debaixo do braço e tomou um susto no primeiro tempo, mas com muita marcação e um pouco de sorte conseguiu alcançar e segurar o empate.



O Santos precisava vencer, e isso já se refletiu na escalação da equipe de Muricy. A entrada de Borges, no lugar de Elano, deixou Alan Kardec e Neymar com mais liberdade, e colocou o Ganso mais recuado. O Santos jogou no 4-2-3-1, com Neymar flutuando entre a ponta esquerda e o meio. Arouca cumpriu um papel tático muito importante na armação das jogadas, com PH Ganso jogando mais fixo só jogando no ‘toco e me voy’, o volante foi um bom elemento surpresa vindo de trás. O fato de Henrique jogar quase como um terceiro zagueiro no lado direito do campo, deu muita liberdade ao Juan que pode chegar ao ataque diversas vezes, mas sem muito sucesso.


O primeiro tempo do Corinthians foi covarde, a estratégia de Tite era se defender e apostar nos contra ataques, mas o time, por incrível que parece sentiu falta da displicência defensiva do “Sheik” Émerson, que por mais que fosse negligente na marcação era uma referência ofensiva. William e Jorge Henrique atuavam de pontas quando a equipe atacava, mas quando o Timão se defendia, recuavam quase que como laterais. Os mais atentos viram em diversas oportunidades o Corinthians jogando com uma linha de cinco na defesa.



O Santos fez o papel dele, dominou a partida no meio de campo com Ganso articulando todas as jogadas e Neymar com um gás incrível. Parece que em resposta às criticas que indicavam que as convocações e sua agenda publicitária estavam desgastando o jovem craque. Em uma jogada que começou com uma arrancada, o camisa 11 lançou Kardec na ponta direita, que cruzou para Borges que acertou a trave. Com uma onipresença incrível, Neymar pegou o rebote e abriu o marcador.


No intervalo, o técnico Tite percebeu que chamar o Santos para sair nos contra ataques não era a melhor estratégia, então ele desfez a formação inicial, sacou William e colocou Liédson. Aí entra a estrela do técnico, já que o Timão chegou ao gol de empate, aos dois minutos, numa falta batida por Alex, e depois de uma falha grotesca, que já virou rotina nas bolas aéreas na defesa do Santos, Danilo só completou para as redes. A reação do Corinthians se deu muito mais pela mudança de postura do que pela alteração feita pelo treinador. Não tirando o mérito do Tite, que provavelmente, mexeu com os brios dos jogadores nos vestiários.


No meio do segundo tempo um episódio que tem se tornado comum no futebol brasileiro. Pela ponta direita do ataque do Corinthians um arremesso lateral quase tomou proporções maiores. Um gandula demorou para repor a bola para o Santos e Adriano perdeu a cabeça e agrediu o rapaz. Até quando o Brasil vai manter esses elementos de varzeamento do futebol? O futebol brasileiro tem que evoluir não apenas economicamente, mas também em aspectos relacionados à organização das partidas de futebol feitas no país.


Depois do gol, o Corinthians adiantou sua marcação,dessa forma conseguiu anular a formação das jogadas do Santos, que eram com o Ganso. Com essa possibilidade reduzida, o Santos teve dificuldade para levar a bola até seu ataque, e Borges passou a ficar muito isolado. É em um jogo como esse que eu passo a admirar o treinador Tite que com suas mudanças táticas conseguiu mudar a cara do jogo, percebendo o erro da primeira etapa. Quando não saia da ponta esquerda para fugir da marcação Neymar esbarrava nos desarmes impecáveis de Alessandro.
O empate levava o Timão a uma final inédita do torneio mais importante da América Latina. Muricy tentou mudar o panorama trocando Juan por Léo, substituição que deu certo nas quartas de final contra o Vélez. Além disso, a troca de Elano por Adriano dava uma boa perspectiva nos remates de longe, lançamento e bolas paradas. O treinador do alvinegro praiano colocou Dimba no lugar de Borges, que é mais seis por meia dúzia, apesar de achar o Borges mais decisivo.


Mesmo sabendo dos riscos o Corinthians voltou a recuar e chamar o Santos para seu campo. Involuntariamente o Timão colocou o regulamento debaixo do braço de novo, apostando novamente nos contra ataques.


Depois de um show a parte do bandeirinha Altemir Hausmann, que marcou várias faltas na partida, fez um semicírculo no melhor estilo compasso e parecia querer aparecer mais que o cabelo do Neymar, o arbitro Vuaden encerrou a partida com um tom épico. E agora é esperar o resultado da outra semifinal, e provavelmente teremos um Brasil e Argentina na final.

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