segunda-feira, 4 de junho de 2012

A última chance de Ronaldinho Gaúcho. De novo


por Roberto Rodrigues    



Após a conturbada saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo, muitos consideravam que a carreira do (ex?) craque em competições de alto nível estava terminada.
No entanto, nem uma semana se passou, e lá estava o dentuço novamente nas manchetes. Desta vez, contratado pelo Atlético Mineiro para a disputa do Campeonato Brasileiro de 2012.

No que tange ao papel do clube na negociação, a contratação do gaúcho é mais uma demonstração da megalomania do presidente Alexandre Kalil. Todos os indicativos apontam que investir em Ronaldinho Gaúcho atualmente, é um erro. Sem tocar nos repetidos problemas de indisciplina, dentro de campo o jogador pouco oferece desde as semifinais da UEFA Champions League da temporada 2005/2006. Já na final contra o Arsenal, Ronaldinho teve atuação apagadíssima.  No fracasso da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, quando a responsabilidade de conduzir uma equipe repleta de estrelas repousava sobre seus ombros, o meia-atacante se omitiu, apresentando um futebol deplorável, que afundou junto com o restante da equipe. Na seqüencia de sua carreira no Barcelona, Ronaldinho nunca mais foi o mesmo, até trocar o time blaugrana pelo Milan.

Não que as atuações de Gaúcho pelo time italiano tenham sido deploráveis, mas para quem havia sido eleito por duas vezes o melhor jogador do Planeta, e que chegou a apresentar um futebol de nível tão elevado que recebeu aplausos de pé da torcida do Real Madrid no Santiago Bernabéu, suas partidas eram medíocres na acepção da palavra. Em meados de 2010, quando a Copa do Mundo se aproximava, Ronaldinho apresentou lampejos do grande craque de outrora, mas a não convocação para o torneio afundou o jogador novamente na mediocridade, e ele passou a viver de lampejos esporádicos.

Quando Ronaldinho acertou sua ida ao Flamengo, muito se falou em “última chance” de se mostrar capaz de voltar a ser um craque. Muito se dizia que no Brasil, um jogador com tamanha técnica sobraria. E o começo foi promissor. Um bom rendimento no Campeonato Estadual (não que seja muito difícil) e um início empolgante no Campeonato Brasileiro deram esperanças à torcida flamenguista. As convocações vieram e parecia que finalmente a alegria em jogar futebol havia voltado ao jogador, mas tudo foi caindo por terra. A indisciplina e a queda de rendimento em campo aliados à falta de pagamento do Flamengo culminaram na saída pela porta dos fundos.

Um investimento tão alto em um jogador que não apresenta nada de excepcional há tempos é um risco elevado demais para um time endividado como o Atlético Mineiro. À primeira vista a contratação de Ronaldinho pode implicar muito mais aspectos negativos do que positivos. Os ganhos com marketing não devem ser muito elevados, já que a imagem do jogador se encontra arranhada. Até mesmo a torcida atleticana se encontra dividida entre o otimismo e a desconfiança. Inegavelmente, os ganhos mercadológicos somente serão elevados caso o jogador volte a apresentar um alto rendimento em campo, o que o passado recente não indica que irá acontecer. Já no Flamengo, todas as previsões de receitas de marketing foram por água abaixo. Para piorar, o próprio Alexandre Kalil, em 2010, demitiu todo o departamento de marketing do clube, alegando que marketing é "coisa de vigarista". Então qual o sentido de contratar um jogador que há muito vive apenas disto?

A chegada do jogador pode ainda atrapalhar o bom início do Atlético no Brasileiro. O alto salário e toda a mídia que Ronaldinho irá receber podem causar reflexos no elenco. A presença de um jogador de tamanho renome torna imperativa sua titularidade, causando um problema para o técnico em caso de mau rendimento do atleta. Além disso, Ronaldinho possivelmente mandará para o banco Bernard, talvez o principal jogador da equipe neste ano. 

No entanto a contratação de Ronaldinho Gaúcho é condizente com uma gestão que parece se importar mais com o peso do nome do que com o futebol, ou alguém acredita que Forlán e Adriano, nomes recentemente especulados no Galo, apresentem atualmente futebol suficiente para ser contratados por um time grande? 

Para Ronaldinho, a ida ao Atlético pode ser uma boa saída. O jogador entrará em uma equipe que possui um bom padrão de jogo e bons jogadores em várias posições, o que pode facilitar o bom rendimento de um atleta que, supostamente, ainda possui habilidade superior à maioria. Seria muito cômodo para Ronaldinho  se mudar para o Catar ou para os Estados Unidos, onde seria muito bem pago (e em dia), e onde a exigência seria infinitamente menor. A ida ao Galo é um indicativo de que, pelo menos em seu íntimo, o jogador ainda possui um quê de ambição, e de que ainda acredita poder apresentar um bom futebol.

Por todos estes motivos, é impossível cravar se a contratação será uma ótima sacada ou outro fiasco do ex-melhor do mundo. A certeza é de que Alexandre Kalil mais uma vez jogou para a torcida, que se acostumou a se contentar com muito pouco, e que é refletida pelas atitudes de seu dirigente, que continua sendo muito mais um torcedor do que um administrador.

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