A Seleção Olímpica Brasileira estreou nas Olimpíadas de Londres nesta quinta feira. Venceu a equipe do Egito por 3 a 2 em um jogo que chamou muito pouco a atenção dos aficionados tupiniquins.
O Brasil sub-23 celebrou uma vitória sofrida diante de um adversário menos qualificado. Porém essa não é a razão principal para justificar tamanho desinteresse do torcedor brasileiro pela amarelinha.
O fato de a seleção não empolgar, se refere muito mais a perda de identidade do povo brasileiro com o selecionado verde e amarelo. A diferença entre acompanhar um jogo e torcer de verdade é muito grande, e pode-se dizer que o “torcedor”, atualmente, pouco se importa se a equipe canarinha venceu ou perdeu uma partida, ele apenas assistiu ao jogo porque gosta de futebol, e nada mais.
É claro que isso não é culpa daqueles que apenas se sentam no sofá para acompanhar uma simples partida de futebol. É necessário ir mais além para encontrar a raiz do problema. Mais precisamente na alta cúpula do esporte, que já há algum tempo trabalha para fazer da paixão nacional um jogo de interesses. Não à toa, a Seleção Brasileira parece ser, hoje, muito mais um esboço de um plano mercadológico do que uma equipe de futebol.
Ricardo Teixeira, o líder de um grupo de corruptos que reinou no futebol brasileiro por longos 23 anos, é com certeza um dos responsáveis pelo desapego do povo pela seleção. Sua polêmica gestão na Confederação Brasileira de Futebol contribuiu e muito, para que este sentimento se perpetuasse. Durante sua presidência, contratos extremamente lesivos à CBF, mas benéficos ao ex-presidente, foram feitos a torto e a direito, e minaram os recursos financeiros da instituição. Exemplo simples disso foi o escândalo dos contratos assinados entre CBF e Nike, que trouxeram prejuízos subsequentes à confederação. Ainda assim, Teixeira permaneceu de maneira incompreensível no cargo, mesmo após o caso ter sido investigado. Para piorar, o que se viu foi o apoio de diversos craques brasileiros ao ex-presidente, dentre eles Pelé, dando a entender que futebol e corrupção caminhavam lado a lado no país. Essa era a mensagem que estava sendo passada à população.
Logicamente com os rendimentos financeiros em baixa, a CBF começou a “tirar” a seleção de perto do povo brasileiro. Amistosos caça-níqueis se tornaram recorrentes para pura arrecadação, e o interesse sobre o time verde amarelo diminuiu, obviamente porque não há apelo em torcer a favor de alguém que jogará com um combinado de Lucerna, como ocorreu em 2006. Com os amistosos, alguns recursos foram recuperados, e após isso, Ricardo acabou aproveitando para continuar a nutrir suas gordas contas bancárias espalhadas nos mais diversos paraísos fiscais com a realização de mais e mais jogos que interessavam somente a ele. A farra de Teixeira prosseguiu, portanto, e a preparação da seleção para competições como a Copa do Mundo também passou a ser negociada na base da oferta e procura, e foi assim que, em 2006, chegamos à Weggis e vimos uma campanha vexatória da seleção na Copa, muito em virtude do péssimo período de treinos na cidade suíça, que não tinha condições para receber o Brasil, mas que oferecia bastante dinheiro, e por isso foi escolhida. Na Copa de 2010, as estratégias não se alteraram de maneira significativa e vimos mais um desastre da seleção na competição mundial.

Devido a estes e outros fatores, o resultado está evidente hoje na indiferença com que o torcedor encara a seleção. O Brasil jogou hoje pelas Olimpíadas e a audiência do jogo foi insignificante. A culpa é sim do senhor Ricardo Teixeira, mas também é de toda uma imprensa que acobertou os escândalos do dirigente e seguiu a ideia de que, “se a seleção vai bem, tudo está bem”, sem falar do governo, que tocando em miúdos, parece ter feito um pacto com o ex-presidente da CBF. Algo do tipo “eu não falo de você e você não fala de mim”. E não adianta falar que em Londres o Brasil jogou sem o emblema da CBF, porque querendo ou não, lá a seleção está representando o COB, de Carlos Arthur Nuzman, que não difere em nada da raça de corruptos da qual procede Ricardo Teixeira. Pior do que isso é ver que a imprensa, mais uma vez, está alienando seu telespectador promovendo somente a busca do futebol brasileiro pela famigerada medalha de ouro, enquanto pipocam por aí dossiês e mais dossiês das peripécias de Teixeira e de seus aliados nas instituições esportivas.
Infelizmente, o legado que um dirigente deixa não se resume apenas às conquistas, mas também a todo o trabalho sujo que é feito por trás das cortinas. Tudo isso transformou o time brasileiro no que ele é hoje. Ricardo Teixeira, como um bom artista, deixou sua obra para todo o Brasil ver. Os tolos baterão palmas, porque para eles pouco interessa o quanto foi roubado e muito menos o que a seleção se tornou. Teixeira “ganhou” duas Copas do Mundo e diversos campeonatos mundiais e americanos, e é isso o que importa. Afinal “ao vencedor os espólios”, não é mesmo?
E quanto ao torcedor? Ah, o torcedor. Esse não ganhou nada. Parafraseando Machado de Assis, “ao torcedor, as batatas” e que ele engula nossa seleção mequetrefe e a corja de Ricardo Teixeira que continua por lá, mas que agora atende pelo nome de José Maria Marin. Lamentável.


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