domingo, 2 de setembro de 2012

3 gols com sabor de 3 pontos

Por Maurício Paulucci

O Cruzeiro afundou o Náutico, hoje, no Independência , com um público pequeno, por 3 a 0. No entanto quem vê o placar tranquilo não imagina as dificuldades que o time celeste passou para conseguir os três pontos e alcançar a 6ª posição e se manter firme em busca de sua vaga no G4. Com um primeiro tempo fraco, o segundo tempo passou a ficar movimentado graças a atitude ofensiva do time mineiro.

A equipe azul fez um péssimo primeiro tempo, em virtude, também, da precisão defensiva do Timbú. Ligações diretas, lançamentos longos que não resultavam em nada provocaram bocejos nos espectadores que tentaram assistir a primeira etapa. Borges se via incrustrado dentro da alta zaga do Náutico, brigando no alto por lances muito difíceis para sua estatura.

Wallysson segue irregular, parece que o ponta celeste joga quando lhe convém. Transpassando desânimo, o atacante tem abdicado de sua característica mais importante: a velocidade. Sem esse diferencial, Wallysson tem sido um jogador comum fraco.

Ficou evidente na primeira etapa a falta que Montillo fez ao time do Cruzeiro. O meia argentino, pode não estar fazendo um campeonato espetacular como o de 2010, mas ele é peça principal para organização das jogadas do Cruzeiro. Quando ele está em campo, quase que todas as jogadas passam por ele, que dá um toque técnico e consegue armar as jogadas sem ter que apelar para os chutões.


Souza, mais uma vez, mostrou que não é jogador de jogo inteiro. Que sua condição física está aquém de um atleta de alto nível. Ele começa a partida muito bem, participativo e depois se omite.

É importante também destacar a eficiência do sistema defensivo do Cruzeiro. Os zagueiros Rafael Donato e Mateus mostraram muito entrosamento e segurança. As laterais nunca ficaram tão seguras. Porquê? Apesar de Léo arriscar algumas subidas como lateral improvisado, ele tem uma consciência excelente e não deixa espaços para que o time adversário possa explorar. Ou seja, Celso Roth armou um esquema de suporte defensivo muito interessante para liberar Everton, que foi um dos principais nomes da partida. Por vezes, Leandro Guerreiro fazia a função de terceiro zagueiro e o zagueiro Mateus encostava na lateral esquerda para cobrir Everton.

O Náutico também não oferecia nenhum perigo. Sem Kieza, Araújo jogou isolado e não conseguia transpor, sozinho, a forte barreira defensiva do Cruzeiro. Com um time cheio de jogadores conhecidos da torcida mineira, como o volante Martinez, o lateral Patric, e o atacante Araújo, ex-Cruzeiro e Kim, ex-Galo. As boas jogadas do Timbú saiam dos pés de João Paulo, lateral esquerdo, que fez um boa partida, destoando do resto de sua equipe.

Era consenso que algo estava errado e que precisava ser feita alguma alteração para o segundo tempo. Os torcedores no estádio, arriscavam a entrada de Wellington Paulista e até Anselmo Ramón para brigar de forma mais eficaz as bolas lançadas pela defesa Cruzeirense. Mas o treinador do Cruzeiro pensava diferente e não mudou nada.
Mas o pensamento do time mudou.

O time voltou mais aguerrido, com mais vontade. A torcida azul teve papel muito importante nessa vitória, já que, diferente de outras vezes, apoiou e cantou o jogo inteiro. Quando eu falo que Roth está tirando leite de pedra, eu não estou mentindo. O Cruzeiro tem um time médio para fraco e só está onde está graças à humildade de seu técnico e em reconhecer as limitações de seu elenco.

Uma defesa segura foi crucial para dar liberdade para Everton atacar sem se preocupar muito em voltar, e assim confirmar sua boa fase com uma ótima e decisiva atuação.

E uma grata surpresa, não tão nova assim, também encheu os olhos da torcida cruzeirense de esperança. O menino Élber entrou bem, colocando fogo no jogo. Ele sofreu a falta que originou o gol de Borges e foi o autor do segundo. Uma dor de cabeça agradável para Roth, que agora tem uma alternativa concreta para escalar uma companhia para Montillo e tirar a sobrecarga encima do meia argentino na armação e condução do ataque.

Aliás, as mexidas de Roth deram efeito, Wellington Paulista também entrou muito bem, exatamente quando completava 150 partidas pelo time, marcou o gol que consolidou a vitória celeste em uma ótima jogada de Tinga.


O jogo esteve complicado para o Cruzeiro, até o gol de Borges aos 30 minutos da etapa complementar. A partida caminhava para duas direções: ou o Náutico arriscava atacar e dava espaço para o time mineiro penetrar, ou a esquadra celeste passaria maus bocados para furar a defesa pernambucana, bem como foi no primeiro tempo. O gol de bola parada veio na hora certa, já que fez o Timbú afrouxar a marcação e que fez com que o Cruzeiro marcasse mais dois gols de contra-ataque.

O Náutico faz uma campanha razoável e ocupa o meio da tabela, e sabe que não é nenhum desastre perder para o Cruzeiro em Belo Horizonte. Já o Cruzeiro começa o segundo turno com o pé direito, com duas vitórias e uma média de 2,5 gols por partida e nenhum gol sofrido. Com um estilo de jogo feio, porém eficiente o time celeste vai se mantendo na parte de cima da tabela e começa a mostrar qualidades de um elenco, como união e raça, para compensar uma eventual deficiência técnica.

O próximo desafio do Cruzeiro é na quarta-feira, contra o Botafogo, de novo em Belo Horizonte. Uma equipe forte, com um meio de campo de qualidade que vai testar os volantes azuis que não tiveram muito trabalho no jogo de hoje.

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