Até que ponto um gol pode ser considerado "de honra"? (Foto: Esporte UOL) |
Por Gustavo Aleixo
Não, eu não teria feito aquele gol. Na pontiaguda e
vexatória goleada sofrida pelo Brasil para Alemanha, por 7 a 1, o gol
brasileiro soa como o golpe mais profundo e cruel. Os papéis pareciam invertidos.
Quem visse o lance, de maneira isolada, acharia que o Brasil passeava em campo,
diante de uma Alemanha abatida, sem forças para impedir que o meia Oscar
balançasse as redes de Neuer. Mas o que bem sabemos é que o gol brasileiro, solitário
e melancólico, contou com as condolências, diplomáticas eu diria, de uma superior
seleção alemã.
Pouco antes de Oscar finalizar, podia-se dizer que ainda
resistia – por que não? – algum lastro de dignidade naquela tragédia. Mas aquele
gol, dado de forma tão fácil e constrangedora pela Alemanha, seria o trauma
final. Assim que o camisa 11 chutou, o que restava do orgulho tupiniquim viria
a morrer segundos depois, aprisionado nas redes daquele mitológico Mineirão. Um
desfecho com contornos irônicos, fúnebres até, após um martírio de gols
germânicos. O gol brasileiro, aos impiedosos 45 minutos do segundo tempo,
poderia não ter existido. Não faria falta alguma.
Oscar teve a melhor das intenções. Mas, naquela segunda-feira,
eu não queria ser Oscar. Muitos menos nesta quarta-feira. O meio-campista
poderia passar desapercebido daquela tétrica derrota. Seu futebol eficiente –
nada além do normal – e sua timidez adolescente eram seus trunfos. O jogador
mal aparecera nos gols alemães. Não seria um alvo. Sem aquele gol, eu repito,
passaria desapercebido. Não integraria o grupo, ora composto por Júlio César,
Marcelo, David Luiz, Dante e Fernandinho.
Que fique claro, Oscar não é vilão. Mas é certo que ele
poderia não ter feito aquele gol. Se chutasse para fora, estaria livre. Mas sua
fleuma e obediência britânicas, recebidas no Chelsea, o conduziram. A regra
mandava, e ele não hesitou, “foi lá e fez”.
Jamais houve tamanha desonra no famigerado “gol de
honra”. Oscar comprou a sua passagem para a eternidade, mas não da maneira que
ele queria. Você pode até questionar e dizer
que ele tentou fazer o certo. Mas nem sempre o certo é o certo. O gol de Oscar,
assim como os sete da Alemanha, tem data para ser reprisado e relembrado: 8 de
julho. Daqui até vários e vários anos, veremos alemães comemorando. Diversas
vezes. E veremos, também, Oscar buscando, cabisbaixo, a bola nas redes de
Neuer.
Oscar poderia ter passado desapercebido, porém, naquela
“briga de bar” entre Brasil e Alemanha, ele tentou apartar, mas acabou
recebendo um golpe imerecido, talvez. Tal como aquele curioso, que entra sem
querer na cena de um crime, antes que a perícia chegue, Oscar deixou a sua
marca. Deixou suas digitais no 7 a 1. Tudo por causa daquele gol.
Abaixo o gol "de honra" marcado por Oscar
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