segunda-feira, 9 de julho de 2012

Até que enfim!


Por Gustavo Aleixo



Na quinta feira do dia 5 de julho, os velhinhos da Internacional Board se reuniram mais uma vez com os não menos antiquados membros da FIFA para discutir mais uma vez o uso da tecnologia no futebol.

 Parece que algo de extraordinário deve ter ocorrido na reunião em Zurique porque, finalmente, algo foi decidido, e dessa vez não foi a marcação de um novo encontro para discutir o assunto. O chip na bola de futebol foi aprovado, e agora não teremos o desprazer de ver uma bola atravessar a linha da baliza e o árbitro não assinalar o gol.


 Antes mesmo de bater palmas para a nova aprovação, é necessário questionar a morosidade do processo. Há duas semanas, ainda seguíamos regras que foram escritas na época da máquina de escrever, o que é de fato um absurdo diante da realidade atual do esporte. Ou vai dizer que não é contraditório exigirem estádios modernos para a prática do futebol e no dia seguinte abominarem a tecnologia no campo de jogo? Essa mentalidade já deveria ter sido superada há bastante tempo.



Infelizmente, o que se viu foi a instauração de novos adendos estúpidos à regra do jogo. Pessoas que acham que a quantidade vale muito mais que a qualidade decidiram colocar mais dois árbitros atrás dos gols. É óbvio que a medida não funcionou, vide a Eurocopa deste ano, em que um gol da Ucrânia foi anulado mesmo com a bola ultrapassando inteiramente a linha do gol. O que é realmente assustador, já que lances como o da Ucrânia se tornaram recorrentes, a ponto de se questionar até a índole dos juízes que apitavam as partidas, e mesmo assim nada vinha sendo feito efetivamente.


 A verdade é que essa história de que a discussão sobre erros de arbitragem faz parte do futebol não cola mais. Não temos que ficar ouvindo um tal dirigente francês, de uma tal confederação europeia exigir que o futebol atual seja praticado da mesma forma que era quando ele ainda jogava nas longínquas Copas de 78 e 82. O esporte evoluiu, meu caro Michel Platini. Inserir a tecnologia no jogo é um bem não apenas para o futebol, mas também para os árbitros que terão um instrumento a mais para apitar com mais qualidade. É esse ponto que tem de ser considerado e não postulados escritos há um século.


 Ainda bem que os tempos estão mudando e, mesmo que a regra dos cinco árbitros tenha sido novamente aprovada, sentimos finalmente algum sopro do que podem ser os novos ventos da mudança na regra do jogo. O futebol praticado hoje é de alto nível, e manter pensamentos retrógrados sobre o esporte é um tremendo retrocesso. Foi sem dúvida importantíssima a instauração da tecnologia no esporte bretão, ainda que seja algo restrito a algumas federações. Ao menos o primeiro passo foi dado, rumo a uma renovação que quem sabe culminará em melhorias ainda maiores na regra do futebol.


 O primeiro teste para a nova tecnologia será realizado no Mundial de Clubes no final do ano. Será, com certeza, um ótimo tira-teima para validar ou não a necessidade da nova medida, e provar quem estava certo e errado nessa novela que parece estar chegando a seus capítulos derradeiros. Até que enfim.


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