sábado, 14 de julho de 2012

Galo na ponta graças aos flancos


Por Maurício Paulucci



Em um jogo quentíssimo, Galo mantêm a liderança e mostra sua força pelas laterais do campo.


O Galo é mais líder do que nunca. Não é só pela liderança isolada no Brasileirão e pelos 4 pontos de distância para o segundo colocado, mas por jogar o melhor futebol do campeonato. 

Em um jogo sensacional em que a vitória esteve nas mãos duas equipes, a equipe mineira conseguiu correr atrás do resultado e conquistar os três pontos. Nesse jogo foi possível notar a importância das jogadas pela lateral do campo para o Galo.

O inicio do jogo foi um pouco truncado e a marcação do meio de campo do Galo estava um pouco condicionada  à movimentação do 10 do Figueira, Almir. Cuca deslocava Pierre conforme a movimentação do meia. O técnico Argel percebeu isto e apostou nesse rodizio de posicionamento, principalmente ente Doriva e Almir.

No primeiro gol do Galo, foi possível ver como as jogadas pelos flancos estão sendo importantes para o esquema de Cuca. Marcos Rocha fez uma bela jogada pela direita, porém seu cruzamento não alcançou Jô, mas Bernard esperava na ponta esquerda, e enquanto isso, o lateral-direito atleticano já fechava dentro da área para sofrer o pênalti. Essa presença do Marcos Rocha é muito importante porque ela se configura como um elemento surpresa, já que a marcação do Figueirense se concentrava muito em Jô e Ronaldinho.

Quem vê a formação do Atlético-MG no 4-2-3-1, imagina que o esquema pode ser um pouco conservador já que tem apenas um atacante. No entanto esse esquema é muito nítido quando o Galo se defende, mas ataca com pelo menos 5 jogadores quando está com a bola nos pés. Os quatro avançados: Jô, Ronaldinho, Bernard e Danilinho, e sempre com a presença de um dos laterais, com Marcos Rocha se fazendo mais presente.

O pivô Jô, com o perdão da rima, cumpre um papel fundamental, nessa participação efetiva dos lados do campo, no esquema de jogo do Galo. Ele funciona como o ponto de referência e de equilíbrio. As jogadas do Atlético são sempre afuniladas em direção ao centroavante, que não significa, necessariamente, um fim da jogada. Jô é uma alternativa de continuidade, ele pára, gira, vê as possibilidades.

Isso só é possível graças a dupla de volantes, que tem Pierre num momento excepcional. A dupla de volantes do Galo joga um pouco adiantada. Apesar de ser uma estratégia preventiva , é um pouco perigosa. Todas as bolas roubadas pelo Figueirense no meio de campo do Galo foram perigosas.

O gol de empate do Figueirense saiu de uma jogada aérea em bola parada, mas que, para a surpresa geral não teve a participação do estreante Loco Abreu. Uma participação indireta, já que a simples presença do uruguaio na zaga atleticana promove uma mobilização grande do sistema defensivo mineiro, e muitas vezes esquece de outros jogadores. Em uma jogada muito bem ensaiada pela equipe de Argel, Anderson Conceição testou para o fundo das redes de Victor, que ainda não inspira muita confiança e é pouco acionado graças a uma pseudosegurança da defesa atleticana.

O primeiro tempo foi bem movimentado no Orlando Scarpelli, e se pôde ver um Atlético consciente e com maior posse de bola, porém a objetividade do time de Santa Catarina prevaleceu.

Os times voltaram com mudanças para o segundo tempo, Cuca sacou Danilinho que está totalmente improdutivo nesse time do Galo. Em seu lugar entrou Guilherme, que não jogava desde a final do Campeonato Mineiro, totalmente sem ritmo de jogo e perdido dentro do esquema do time, mas que reservava uma grande surpresa para torcida. Serginho também entrou, no lugar de Leandro Donizete, a intenção de Cuca era dar um pouco mais de qualidade no passe. A entrada de Serginho mudou a dinâmica do time, muito mais efetivo no ataque que Leandro Donizete, o volante, muitas vezes criticado pela torcida foi nome essencial no segundo tempo.

Mesmo assim, brilhou foi a estrela do técnico Argel que colocou Ronny, que numa falha de Leonardo Silva gerou o escanteio que surgiria o 3º gol do Figueirense. Na bola parada a bola sobrou para o Ronny que chutou e contou com a generosa ajuda do goleiro Victor, que até então não mostrou a que veio.

E o jogo começou a pegar fogo, graças ao ímpeto do Figueira movido por sua torcida. O jogo ficou movimentadíssimo, já que a equipe catarinense passou a atacar mais, principalmente depois da entrada de Aloísio no lugar do cansado Abreu, substituição esta que deu mais velocidade à equipe catarinense. A saída de Loco Abreu também teve seu ponto negativo para o Figueirense, que sem o ponto de referência na área ficou perdido, e viu a defesa do Galo avançar, diminuindo os espaços.

Ironicamente, o terceiro gol do Figueirense fez bem ao Galo, já que o time catarinense não perdeu o freio, dando espaço aos contra ataques do alvinegro mineiro. Uma falta que surgiu de um lance veloz do Atlético, Ronaldinho com toda sua primazia na bola parada colocou a bola na cabeça de Leonardo Silva, que diminuiu o marcador.


Em outra jogada de contra ataque muito rápida, o Galo chegou ao empate em uma jogada com participação dos que vem sendo os três jogadores mais importantes da equipe: Jô, Marcos Rocha e Bernard. Com um lançamento perfeito para Jô, que inverteu de posição com Bernard, este cruzou para o jovem craque que cabeceou com propriedade de centroavante.

E que engraçado é o futebol! Guilherme não tinha se encontrado em campo, mas com apenas um chute, em uma tabela com Serginho, virou o jogo de maneira heróica e colocou o Galo de novo na liderança.

É cedo pra falar, mas o Atlético tem pinta de campeão. Fato é que se o time mineiro não brigar pelo título certamente ficará nas cabeças até o fim do campeonato. A equipe tem um esquema tático muito bem definido e entra em campo certa de seus objetivos, com cada jogador cumprindo bem sua função, salvo algumas falhas individuais. O Galo tem o que é essencial para um time ter sucesso em um campeonato com a fórmula de pontos corridos: opção. Cuca tem muitas opções no banco e pode mudar tudo com uma ou duas substituições. Sem contar a confiança, a raça e entrega dos jogadores.

O mineiro costuma ser cauteloso, mas o atleticano nunca esteve tão esperançoso. O próximo passo do Galo é contra o Internacional, na quarta no Independência, e será um grande desafio devido a ausência de Jô e a situação de André com o Dinamo de Kiev, que não pode ser escalado devido a pendências contratuais. Sem dúvida nenhuma a massa atleticana estará presente lotando o alçapão do Horto para empurrar a equipe atleticana a permanecer na posição mais nobre do campeonato.

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