Parece que neste ano o Galo abdicou do papel de coadjuvante no Brasileirão, e passou a atuar como protagonista. Em um jogo difícil contra o vice-campeão da Copa do Brasil, mesmo que desfalcado, o Galo mandou no jogo e ditou o ritmo da partida. E o placar magro não resume o domínio que o time teve no jogo. Em um Independência lotado, a torcida empurrou o alvinegro para mais uma vitória importante.
A torcida atleticana já sabe de cor a escalação e o esquema tático do time de Cuca, no entanto, pelo que parece os adversários também tem se familiarizado com o esquema. Mas a troca de uma simples peça mudou um pouco o jeito de jogar do Galo. A entrada de Guilherme no lugar de Danilinho conferiu um aumento considerável na técnica, possibilitando melhores triangulações ofensivas, porém a equipe atleticana perdeu muito nas investidas de Marcos Rocha, que teve de se resguardar mais, visto que Guilherme não volta pra marcar como Danilinho.
O primeiro tempo foi lá e cá.
O Galo chegava muito bem com um Bernard inspiradíssimo, que fazia o que queria em cima do lateral Gil, que por muitas vezes subia displicentemente. Ronaldinho também jogou muito bem, acertando lançamentos e chamando o jogo para si. Parece que a confiança e a boa fase são ótimos remédios para o craque atleticano. Serginho fez um bom primeiro tempo, ofensivamente, porque defensivamente, deixou muitos espaços que rendeu bons contra ataques ao Coxa.
Mas se o alvinegro jogou tão bem, porque não abriu o placar no primeiro tempo? Sabendo da importância do centroavante Jô, como ponto de equilíbrio do ataque, Marcelo Oliveira fez uma marcação muito forte em cima do pivô que ficou com dificuldades de jogar em boa parte do primeiro tempo. Como falamos lá em cima, o Atlético tem um esquema conhecido, mas longe de ser previsível. A arma de Cuca para dar versatilidade ao time tem um nome: inversão.
Você se lembra daquela aula de matemática sobre permutação? Não? Provavelmente você matou ela, assistindo a algum jogo da Champions League. Entretanto, o Cuca não esqueceu e quando ele põe esse conceito em prática o Galo vira uma máquina, confundindo toda a defesa adversária. Quando Jô deslocou-se, ele atraiu a marcação dos zagueiros deixando espaço pra Bernard na área. É um efeito cascata, já que Lucas Mendes, lateral esquerdo vinha marcar no centro, fazendo os volantes do Coxa se deslocarem para marcar R49, dando bastante liberdade para Guilherme.
Ainda sim, o Coritiba não se apequenou, nem diante do poder do grande time do Brasileirão, e nem mesmo diante de seus onze desfalques. É quase clichê prever que um time que vá jogar no Independência no contra ataque, mas essa foi a estratégia do Coxa, apesar de ter um toque de bola muito bom, o time criou suas melhores chances com a velocidade de Robinho, que foi o único que aproveitou o buraco no meio campo deixado por Serginho e Donizete.
O primeiro tempo foi bom, mas o destaque da primeira etapa foi árbitro da partida. O juiz estava leiloando sua arbitragem. E a moeda era decibéis. Apitou tudo no grito, e a culpa foi dele, ouviu muitas reclamações e deixou os jogadores falarem demais. Fez uma arbitragem confusa, apitando faltas inexistentes, deixando de marcar infrações claras, tendo pouco critério nos cartões. Errou pros dois lados, tirando qualquer suspeita de parcialidade, dando espaço à ruindade mesmo.
Para o segundo não houve nenhuma substituição, mas um fato mudaria o jogo. Se a bola não entrava com as jogadas corridas, entrou na bola parada. Com a primazia de Ronaldinho Gaúcho para bater na bola e a precisão e altura de Réver, o Galo abriu o placar. O Coritiba sentiu o golpe e o jogo mudou de rumo.
O time mineiro não tinha mais aquela sangria desatada para atacar e, consequentemente, não deixava mais tantos espaços no meio campo para o alviverde aproveitar. Foi impressionante ver como o Atlético se compactou depois do gol, sem se retrancar e também não abdicando do ataque. O Coritiba não conseguia se infiltrar na defesa atleticana e começou a apelar para os chutões e bolas paradas. E quantas vezes você viu o Galo apostar nos chutões?
O Atlético, diferente de outras equipes, sai jogando com a bola no chão, muito em virtude da categoria dos seus zagueiros. Eu estava pensando se valia apena escrever um parágrafo sobre o Leonardo Silva, mas depois da cotovelada do atacante Leonardo no zagueiro alvinegro eu não titubeei. Além da cena protagonizada à la Quentin Tarantino, ele cumpriu um papel importante na segunda etapa. Com Marcos Rocha mais seguro, o Bonecão de Olinda pode se aventurar algumas vezes ao ataque, criou a jogada que originou o escanteio do gol e apareceu bem em algumas oportunidades.
Com o resultado adverso, o técnico Marcelo Oliveira jogou então sua última cartada. A entrada de Rafinha no lugar de Lincoln, que estava cansado, foi uma boa tentativa, pois deu mais velocidade ao Coritiba, porém a substituição não deu resultado. Para piorar o meia do Coxa canalizou toda sua vontade na infantilidade. Depois de sofrer um empurrão claro e não ter a falta marcada esperneou e fez pirraça, e tomou amarelo por reclamação. Depois, mais juvenil ainda, deu uma cotovelada em Leandro Donizete e foi para o chuveiro mais cedo.
O Atlético deu uma acomodada na etapa complementar, após o gol, o que não foi de todo ruim, já que não cedeu tantos espaços no meio campo, igual no primeiro tempo. O Galo venceu, pelo placar elementar, mas somou 3 pontos importantíssimos para a caminha ao título Brasileiro. Líder, na essência da palavra, o alvinegro segue a passos largos ao sonho que tem tudo para se concretizar.



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