Com início promissor na equipe profissional, Vinícius Araújo aposta no
apetite por gols para seguir chamando atenção no Cruzeiro
apetite por gols para seguir chamando atenção no Cruzeiro
por Gustavo AleixoFotos: Bruno Senna
Ele está com fome de bola. Natural de João Monlevade, no interior de Minas Gerais, Vinícius Araújo tem 20 anos, é do tipo caseiro, que come pelas beiradas, mas que em campo é imparável, principalmente dentro da área. Com o dom para marcar gols de tudo quanto é jeito, desde pequeno Vinícius mostrou ser um artilheiro nato. Nem que fosse nas peladas disputadas ao lado do pai ou nas aulas de educação física, o camisa 30 estava sempre pronto para colocar a bola na rede.
Tamanho talento fez com que o garoto desembarcasse, em 2007, em Belo Horizonte aos 13 anos e começasse a trilhar sua carreira no Cruzeiro. De maneira meteórica, a jovem promessa ascendeu aos profissionais este ano e já marcou seu primeiro gol no Mineirão. Seguindo a velha máxima de que “atacante que não faz gol morre de fome”, Vinícius que vencer no futebol, nem que para isso tenha que “ir para o almoço pensando no jantar”. Bom de papo, o centroavante falou à Revista do Cruzeiro sobre sua adaptação na equipe profissional e contou um pouco sobre sua vida fora dos campos, que de uns tempos para cá mudou, e muito.
Você nasceu em João Monlevade, cidade com pouco mais de 70 mil habitantes. Como foi a sua infância por lá?
Minha infância foi muito boa. Sempre ia para o clube com meus amigos. Na escola, minhas notas não eram das melhores, mas era o suficiente para passar [risos]. Com 10, 11 anos, eu também ia para a oficina do meu pai, mas ficava mais brincando de trabalhar do que ajudando. Tenho um irmão de 16 anos, o Gustavo, e uma irmãzinha de 1 ano e 6 meses, a Bianca. Ela é a minha inspiração. Sempre que faço gols dedico a ela.
Como você entrou no futebol?
Comecei nas escolinhas da minha cidade e sempre ia com o meu pai aos jogos dele. Ficava por lá e se não tivesse uma bola para brincar, eu pegava uma garrafa de um litro para chutar. Foi um interesse que surgiu desde cedo.
Seu pai era volante. Ele era bom de bola?
Ele é canhoto né? Falam que todo canhoto é diferenciado. No caso do meu pai, ele tem um estilo de jogo mais clássico, bate muito bem na bola e costuma até fazer uns golaços. Ele fala que me ensinou a jogar bola.
Então nas peladas vocês formam uma boa dupla.
Quando estou no time dele eu falo: “Pai, faz sua parte atrás que na frente eu faço a minha” [risos]. Quando a gente joga junto, o nosso time sempre sai vencedor nas peladas.
Você saiu de casa muito novo para jogar na base do Cruzeiro. Como foi chegar na cidade grande tão cedo?
Minha mãe ficou naquela insegurança. No começo foi muito difícil, mas, graças a Deus, sempre fui muito trabalhador e nunca deixei de acreditar no meu sonho.
Adaptado à BH, você foi se destacando até chegar o ano de 2012, quando começou a chamar a atenção da mídia.
Com o trabalho da base evoluindo e os jogos passando na televisão, eu estava sendo mais visado. Tinha jogo que eu passava em branco, aí na partida seguinte já tinha que marcar dois gols. Foi bom eu ter passado por tudo isso. No profissional a cobrança é maior e é sempre bom você desde cedo se acostumar com isso.
Foi na categoria de base que você aprendeu a dar entrevista?
[Risos] Verdade. O bom é que fui treinando. Na base, a gente dá um pouco de entrevista, mas não é igual no profissional. Gosto de ler livros e jornais para na hora das respostas não falar bobagem, porque depois você acaba virando até alvo de brincadeira dos colegas.
Você subiu ao profissional e não demorou muito para você fazer o seu primeiro gol. Como foi?
Foi muito emocionante. Na época, estava passando na TV [Globo] aquela novela O Profeta. Lembro que, antes da partida, eu tinha falado com o Elber que se eu entrasse iria fazer um gol. Acho que profetizei nesse jogo aí. [risos]
A camisa desse jogo ainda está guardada?
Está em um quadro lá em casa. Aquela camisa não vendo por nada. Nem para o meu pai eu vou dar. [risos]
Como é andar na rua como um jogador profissional?
No começo é estranho, porque você não está acostumado. Mas falo que o sonho da gente que vem da base sempre foi dar um autógrafo, tirar uma foto, ser reconhecido na rua. Então é um prazer poder viver isso hoje.
Fiquei sabendo que você tem até fã-clube agora.
Isso começou agora. [risos] No meu aniversário, umas meninas já vieram aqui [na Toca II] e fizeram um bolo para mim. Fico muito feliz com esse carinho e o que posso fazer agora é retribuir com gols.
Em 2013, o Cruzeiro comemora os 10 anos da Tríplice Coroa. O que você lembra daquele time, que tinha também vários atletas da base?
A primeira coisa que me vem à cabeça é o Alex, que é uma referência para todo mundo. É um cara fora de série, tanto dentro quanto fora de campo. Em 2003, também tinha muitos jogadores formados no Clube, então acho que a gente tem que levar esse fato como incentivo para que façamos também uma grande temporada.
*Matéria originalmente publicada na edição 118 da Revista do Cruzeiro.


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